terça-feira, 10 de novembro de 2009

Vila Velha

PARQUE ESTADUAL DE VILA VELHA:
Com uma área de 3.122 ha, em 12/10/1953, pela Lei nº 2.192, foi criado o Parque Estadual de Vila Velha. Em 1966 o conjunto Vila Velha foi tombado pelo Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado.
Geograficamente, Vila Velha se localiza a 25° 15' de latitude Sul e 50° 00' de longitude Oeste, altitude de 917 m. A área apresenta vegetação de campo e capões de mato esparsos, onde se destacam os Pinheiros do Paraná. O clima é mesotérmico com verões frescos e a topografia ondulada com escarpas, possuindo vários cursos d'água. Que deságuam no Rio Tibagi. Abriga uma fauna variada: Lobos Guará (raros), jaguatiricas, quatis, gatos-do-mato, iraras, furão, catetos, veados, tatus, pica-paus, pombas, perdizes, tamanduás bandeira e mirins, diversos tipos de aves. A 18 Km de Ponta Grossa, é integrado pelas formações areníticas, furnas e Lagoa Dourada, distando de Curitiba 80 Km.
ARENITOS:
A 18 Km de Ponta Grossa, figuras gigantescas esculpidas pela ação das chuvas e dos ventos. A sua formação arenítica é o resultado do depósito de um grande volume de areia há aproximadamente 340 milhões de ano, no período carbonífero, quando esta região estava coberta por um lençol de gelo. Com o degelo, esse material foi ali abandonado e, com a erosão normal e as águas dos riachos da frente glassiária engrossando, esses depósitos foram retalhados, originando os arenitos de Vila Velha. A transformação continua. Vila Velha está exposta à ação atmosférica e suas formações sugerem variadas figuras como: camelo, índio, noiva, garrafa, bota, esfinge, taça, etc.
No topo, arenito avermelhado, grosseiro, feldspático, em parte amarelado, apresentando fina carapaça cinza esbranquiçada de 3 mm, silicificada ou com crosta pardo-escura de óxido de ferro, o que dá maior dureza, formando blocos verticais com cabeças mais resistentes à erosão. Espessura 10 m.


DESCRIÇÃO DO ARENITO
Na parte média, arenito avermelhado claro, com salpicos de caulim e seixos esparsos, sem crosta protetora de decomposição, com paredes lavadas em forma côncava, de fácil desagregação. Espessura 34 m. Na base, argilas várvicas (varvitos) avermelhadas. Espessura 4 m. A soma de todas as espessuras é 48 m.
A área possui lanchonete, estacionamento para carro/ônibus e sanitários.
O acesso faz-se pela BR 376, no Km 510.
FURNAS:
Dentre as grandes atrações do Parque Estadual de Vila Velha estão as furnas, que são na realidade poços de desabamento, depressões semelhantes a crateras, de formato circular e paredes verticais. As furnas não se situam na mesma unidade geológica dos arenitos avermelhados, o Arenito Vila Velha, mas sim em uma unidade geológica que está abaixo do Arenito Vila Velha, representada pelos arenitos esbranquiçados da Formação Furnas. Ver abaixo o mapa geológico do parque.
As furnas ocorrem na região dos Campos Gerais do Paraná, sendo conhecidas pelo menos 14 delas. No Parque Estadual de Vila Velha aparecem seis furnas, estando duas em estágio terminal: a Lagoa Dourada e a Lagoa Tarumã. São consideradas assim pelo fato de estarem quase que totalmente preenchidas de sedimentos.
Com exceção da furna 3, de fundo seco, todas as demais estão interconectadas pelo atual nível de água subterrânea, em torno da cota de 788 m, revelando que existe ampla circulação subterrânea de água entre as furnas e a Lagoa Dourada, através de fraturas e descontinuidades existentes no arenito.
As furnas se formam pela ação da circulação das águas superficiais que, acidificadas pela presença de matéria orgânica, vão lentamente destruindo a ligação entre os grãos que mantém a rocha coesa, propiciando a remoção mecânica dos constituintes do arenito. Este processo é acelerado nas partes mais fraturadas do arenito, principalmente nas intersecções de falhas e fraturas, pontos em que a rocha vai sendo lentamente desagregada, possibilitando que seus constituintes sejam transportados pela drenagem subterrânea, formando os poços de desabamentos.

LAGOA DOURADA:
A apenas 15 minutos da cidade, com 320 m de diâmetro e com profundidade nunca superior a 3 m, tem a mesma origem das Furnas, havendo uma ligação subterrânea entre elas através de um lençol freático. O nível de suas águas é o mesmo de Furnas, ocorrendo porém, um desnível do solo, razão pela qual as mesmas se constituem em crateras profundas.
Pode-se considerar que é uma furna em processo de extinção, devido ao grande assoreamento que recebe de suas margens. Contém peixes, como traíra, tubarana, bagres, carpas e tilápias que utilizam a área para reprodução.
LENDA DE VILA VELHA - 1

Itacueretaba, antigo nome do local onde conhecemos pro Vila Velha, significa "cidade extinta de pedras". Este recanto foi escolhido pelos primitivos habitantes para se Abaretama, "terra dos homens", onde esconderiam o precioso tesouro Itainhareru. Tendo proteção de Tupã, era cuidadosamente vigiado pelos Apiabas, varões escolhidos entre os melhores homens de todas as tribos.
Os Apiabas desfrutavam, de todas as regalias, porém era-lhes vedado o contato com as mulheres. A tradição dizia que as mulheres, estando de posse do segredo de Abaretama, revelariam aos quatro ventos e, chegando a notícia aos ouvidos do inimigo, estes tomariam o tesouro para si. Se o tesouro fosse perdido, Tupã deixaria de resguardar o seu povo e lançaria sobre ele as maiores desgraças. Dhui (Luís), fora escolhido chefe supremo dos Apiabas, entretanto, não desejava seguir esse destino, pois se tratava de um chunharapixara (mulherengo).
As tribos rivais, ao terem conhecimento do fato, escolheram a bela Aracê Poranga (aurora da manhã), para tentar seduzir o jovem guerreiro e tomar-lhe o segredo do tesouro. A escolhida logo conquistou o coração de Dhui. Numa tarde primaveril, Aracê veio ao encontro de Dhui trazendo uma taça de Uirucur (licor de butiás), para embebedá-lo. No entanto, o amor já havia tomado conta de seu coração não conseguindo assim completar a trição. Decidiu então, tomar a bebida junto com o seu amado, e os dois se amaram a sombra de um ipê. Tupã logo descobriu a traição do seu guerreiro e furioso provocou um terremoto sobre toda a região.
A antiga planície fora transformada em um conjunto de suaves colinas. Abaretama, transformou-se em pedra, o solo rasgou-se em alguns pontos, dando origem as Furnas, o precioso tesouro fora derretido formando a Lagoa Dourada. Os dois amantes ficaram petrificados e entre os dois a taça ficou como o símbolo da traição. Diz a lenda, que as pessoas mais sensíveis à natureza e ao amor, quando ali passa ouvem a última frase de Aracê: xê pocê o quê (dormirei contigo).

LENDA DE VILA VELHA - 2

Caía à tarde no infinito horizonte, Itaqueretaba, a cidade velha de pedra nos Compôs Gerais de Tabapirussu.
Quando povoavam a Terra das araucárias guaranis e tupis, os destemidos filhos de Tupã, que dominavam o Sul de Pindorama.
Os maiorais da tribo guarani, que se fixaram ali, há muitas luas, sabiam da existência de fabuloso tesouro em Itaqueretaba, e por isso evitavam que gente estranha entrasse na região. Um índio tupi, que viera com intenções suspeitas, fora aprisionado e aguardava punição, porém conseguiu fugir e levar a notícia à sua tribo.
O grande conselho de anciões guaranis resolveu formar uma legião de valentes guerreiros, sob o comando do grande chefe Tarobá para guardar todos os campos circunvizinhos. A morte seria o único castigo a quem se aproximasse da cidade de pedra. Todos sabiam que os inimigos tupis planejavam apossa-se de Itaqueretaba.
Os tupis armaram um plano de ação para o pretendido assalto. A princesa índia Nabopê recebera de sua tribo a missão de facilitar a invasão dos tupis, acampados no vale do Rio Tibagi. Deveria ela deixar-se cair prisioneira de Tarobá, contando-lhe o infortúnio de ser banida do meio de seus irmãos, por recusar casar-se com um guerreiro inimigo de seu falecido pai. Nabopê fora conduzida até os campos do Cambijú e dali, sozinha, dirigiu-se ao perigoso destino. Sob a noite escura de Itaqueretaba, temerosa de maus espíritos da cidade de pedra, fingiu que estava perdida e começou a gritar por socorro. Não tardou que um vigilante guerreiro guarani logo a capturasse, levando-a a seu chefe. A beleza de Nabopê impressionou aos olhos penetrantes de Tarobá. Ele não conseguiu trata-la como simples prisioneira sujeita a pena de morte. Nabopê permaneceu sob vigilância na gruta onde se alojava o chefe guarani. Com o passar dos dias conheceram-se melhor e daí nasceu um romance de amor. A princesa tupi passou a viver sob a proteção de Tarobá e por ele também se apaixonou, contrariando os planos que ali a levaram. Ambos foram forçados a esquecer a missão que lhes confiaram suas tribos. O amor fizera os dois amantes caírem na desgraça perante sua gente.

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